ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA. EM 27.05.1992.

 


Aos vinte e sete dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sexta Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à en­tregar o Título Honorífico de Cidadã Emérita a Senhora Tânia Carvalho dos Santos, concedido através do Projeto de Lei do Legislativo nº 56/91 (Processo nº 3077/91) , de autoria do Verea­dor João Motta. À seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhora Tânia Carvalho dos Santos, Homenageada; Senhor Hélio Corbelini Secretário do Governo Municipal, representando o Prefeito Municipal; Jornalista Firmino de Sá Cardoso, representando a Asso­ciação Riograndense de Imprensa; Professora Antonieta Barone, Presidente do Centro Franco-Brasileiro da Aliança Francesa; Senhora Maria Carvalho, mãe da Homenageada, e o Vereador João Motta, Secretário “ad hoc”. Como extensão da Mesa: Senhor Felicíssimo dos Santos, esposo da Homenageada; Fabiano e Diogo, filhos da Homenageada; Jornalista Afonso Ritter e Senhora Célia Ribeiro. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para ouvirem, de pé, o Hino Nacional. Após, o Senhor Presiden­te manifestou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, falou sobre a atividade da Homenageada em prol de nossa Cidade, ressaltando a atuação na área cultural. O Vereador João Motta, proponente e em nome da Bancada do PT, teceu comentários sobre a relação da Homenageada com esta Cidade e os lugares por onde trabalhou. Onde Tânia Carvalho foi uma das personalidades prediletas de Porto Alegre. O Vereador Nereu D’Ávila, em nome da Bancada do PDT, saudou os presentes e demais pessoas que fazem parte do círculo especial da Homenageada. Falou da participação da Homenageada dentro da globalidade da sociedade gaúcha como representante do sexo feminino. O Vereador Vicente Dutra, em nome das Bancadas do PDS e PTB falou da profissional corretíssima em sua profissão e muito querida por seus colegas de trabalho. O Vereador Airto Ferronato, em nome da Bancada do PMDB, falou da satisfação de poder estar prestando sua homenagem a uma personalidade querida em toda a Cidade e nome consagrado na área de comunicação social. A se­guir, o Senhor Presidente pediu ao Vereador Isaac Ainhorn para, em nome da Presidência e da Mesa Diretora da Casa saudasse sua colega e companheira no Programa Câmera Dois. O Vereador Isaac Ainhorn, saudou a Homenageada por seu alto profissionalismo, pela sua maneira de ser e pela sua condição humana. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças, no Plenário, dos Senhores Pinheiro Machado, Luiz Coronel, Frederico Barbosa, Clóvis Duarte, José Barrionuevo e das Senhoras Mercedes Rodrigues e Maria Augusta. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Motta a fazer a entrega do Diploma à Senhora Tânia Carvalho. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a pala­vra à Homenageada que agradeceu pelo Título recebido por esta Casa. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e dezessete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pelo Vereador João Motta, Secretário “ad hoc”. Do que eu, João Motta, determinei fosse lavrada a presente Ata que; após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, a CMPA tem a honra, neste momento, de abrir mais uma Sessão Solene destinada, especialmente, a entregar a Sra. Tânia Carvalho dos Santos o título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre. O Requerimento é do Ver. João Motta, líder do PT, nesta Casa, e mereceu a aprovação unânime da CMPA.

Convido os presentes para que, de pé, ouçamos, na abertura dos trabalhos, o Hino Nacional Brasileiro.

 

(É executado o Hino.)

 

Gostaria de registrar, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, que nos acompanham, neste ato solene, a presença, entre nós, dos amigos e familiares da Tânia Carvalho, particularmente seu esposo, seu filho, sua mãe, seus colegas de profissão: Afonso Ritter, Pinheiro Machado, Luiz Coronel. Quero saudar minha amiga Célia Ribeiro, uma das figuras gigantes dos nossos meios de comunicação. O Silvio, lá nos fundos, obrigado pela presença; nosso ex-Vereador Frederico Barbosa; e dizer a querida Tânia Carvalho que a mim, particularmente, como Presidente do Poder Legislativo da Cidade, é um momento extremamente importante.

Quero saudar, também, a Mercedes Rodrigues, nossa companheira de luta política, hoje integrante dos meios de comunicação da TV Guaíba, programa Flávio Alcaraz Gomes Repórter.

Profª Maria Augusta, nossa amiga e companheira, presidente do CPERS, que, mais uma vez, honra esta Casa com a sua presença.

Quero dizer que os mais importantes anos da minha vida fiz do rádio, da televisão, do jornal, o meu meio de vida, meu meio de trabalho, de sustentar minha família, ver criar e crescer minha família, vi também ser criada e crescer como membro da família dos comunicadores a Tânia Carvalho. Tenho nela uma pessoa extremamente sensível, inteligente, um das mulheres mais bonitas que este estado já viu, elegante, charmosa, e, acima de tudo, com uma qualidade que parece fundamental nos dias atuais.

Este País, Tânia, vive momentos muito graves, tristes, complicados. Há hoje o denuncismo. Há muita traição. Muita covardia. E é importante que tenhamos no nosso meio, até para minorar os nossos próprios sofrimentos e a nossa visão de País e sociedade, pessoas com ao alto astral da Tânia Carvalho. É nisto que te posso homenagear, como uma pessoa de alto astral. E é importante os meios de comunicação, principalmente vocês que hoje têm a responsabilidade de, diariamente, levar a milhões de telespectadores deste Estado, através da televisão, - este veículo mágico e forte, - as informações que o façam com alto astral. De tristeza e aborrecimento o nosso povo já está definitivamente satisfeito.

Então, a minha homenagem a nossa cidadã Emérita é a alegria de viver que transmite a seus telespectadores. O título de Cidadão Emérito de Porto Alegre é concedido com base em Lei Municipal exclusivamente a pessoas que tenham se destacado nas suas atividades, em favor da coletividade porto-alegrense. Esta é uma característica indesmentível da Tânia Carvalho. Sem dúvida nenhuma, Tânia é uma figura desta Cidade, faz parte da vida de todos nós e acho impossível que um morador de Porto Alegre não tenha, algum dia, por alguma razão, pensado bem e considerado a Tânia como uma das nossas e, hoje, a ela vai ser formalmente outorgado o título de Cidadã de Porto Alegre. Minha homenagem a você, Tânia. (Palmas.)

Dizia meu Guru lá de São Gabriel, Tânia, que mão gelada é coração quente. Seu coração deve estar quente.

O Exmo. Ver. Lauro Hagemann deve ser o primeiro colega a saudar nossa homenageada, com a autoridade de um comunicador dos mais brilhantes, pela Bancada, que lidera nesta Casa, a Bancada do Partido Popular Socialista.

Registramos, ainda, as presenças, em Plenário, dos Srs. Clóvis Duarte e José Barrionuevo.

Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, convidados e amigos de Tânia.

Quando a um membro da comunidade da comunicação é dado saudar uma colega como a Tânia, isso implica uma responsabilidade muito grande e posso avaliar por mim o grau de nervosismo que nos assola nesta hora, eu por ter que interpretar corretamente a homenagem e a Tânia na posição de receber esta homenagem. Conheço a Tânia há muito tempo, trabalhamos juntos, tínhamos um convívio diário e pude avaliar bem o grau de profissionalismo da Tânia, não só nesta conjuntura mas em outras anteriores. Lembro-me bem, quando dirigente do Sindicato da categoria, nós, às vezes, ameaçávamos um movimento paredista para reforçar as nossas reivindicações, e era comum se percorrer os estúdios das emissoras, das estações de televisão, em busca do apoio e da adesão ao que se pretendia. É forçoso dizer que era uma tarefa ingrata, porque muitos companheiros por receio de perder o emprego, por receio de represálias, enfim por “n” razões, de vez em quando achavam um jeitinho de não aderir ao movimento ou, pelo menos, não se pronunciar, mas a Tânia, invariavelmente, era a primeira da fila, “se houver greve eu paro”, este é o jeitão da Tânia, sempre expontânea. E seu grau de profissionalização é grande, porque ela trata a notícia, a informação, como se fosse uma borboleta esvoaçante, leve, colorida. A informação, na interpretação da Tânia, é uma coisa extraordinária, e ela dedica igual atenção a todos que a procuram, especialmente, na área cultural, onde a Tânia tem desenvolvido uma atuação muito especial na nossa Cidade. Mas ela também é uma jornalista que entende a questão social, não se pode atirar-lhe a pecha de jornalista engajada, mas ela entende a questão social com aquela acuidade que nós, de uma facção mais aberta, mais progressista, mais democrática a entendemos, e a Tânia tem seguido esta orientação. Já lhe custou caro isto, nós sabemos, mas ela não arreceia, e é isto que faz da Tânia esta colega excepcional, para nós que militamos, eu já nem mais, mas aqueles que militam na imprensa tem essa visão da Tânia.

Por isto, Tânia, para não me alongar mais, o título de Cidadã Emérita que te é conferido, por proposta do Ver. João Motta, nos traz alegria, porque esta Casa é a representante do povo desta Cidade, é a quem cabe atribuir este título de Cidadã Emérita, e a unanimidade da Casa te conferiu este título que o Ver. Motta, em boa hora propôs.

Por isso é que eu digo, guria, muito obrigado por teres nascido e convivido conosco.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO MOTTA: (Menciona os componentes da Mesa.) Demais Vereadores, Senhores e Senhoras.

Poderia evocar várias imagens que compuseram e compõe o ciclo sempre renovado de minha aprendizagem como ser humano. Algumas dizem respeito ao passado, outras ao presente. Ao futuro, projeto o indeterminado, tal que o Homem Sem Qualidades de Robert  Musil, aberto a qualquer hipótese.

Um intervalo necessário no fazer político, um rápido momento de prazer e alegria em meio a onda de escândalos que deixam a sociedade perplexa.

Quero evocá-los...as imagens...as mais importantes, que compõe minha sensibilidade.

A primeira é uma cidade, que abraça um rio, que deu nome à Rua da Praia, que tocou as escadarias da Prefeitura, que, num momento sem reflexão, invadiu a cidade e foi castigado com a construção do Muro da Mauá.

Porto Alegre é seu nome, palco de tantas histórias sem memória...memória puída nos vários números do Jornal O Independente.

Porto Alegre – mãe de personagens de todos os tipos, que pousaram no Hotel Majestic, que engolem a cultura na Casa de Cultura Mário Quintana; que veranearam nos Sítios do Menino Deus, que lotam o Shopping Praia de Belas; que flertaram na Confeitaria Rocco, que fecham as tardes nos Cataventos Porto Alegre do Bonfim, Porto Alegre plural, Porto Alegre eterna, cidade sem tempo determinado, de tempos cruzados.

Mesmo cidade de pedra, impessoal, Porto Alegre com seus signos – através da arquitetura, da música, da poesia, das artes – crava na minha memória todos os sentidos, boa parte deles determinante em minha vida.

A segunda imagem não é só de signos. É, principalmente, sentimentos: carinho, afeto, respeito, e tantos outros. Faz da palavra o veículo da grande vontade e capacidade de viver e criar. A uma só vez é cotidiano e não-cotidiano. É filha de criação de Porto Alegre.

Enganam-se os que pensam que num dia nublado, chuvoso e frio, evocá-la não encontre ouvidos. Imagens assim, param a vida ou pensamos que ela está parada. Aquela mesma impressão de quando, num dia desses, saímos à rua e nenhum carro cruza, nenhum cidadão é visto ou quando cruzamos a Rua da Praia e centenas de pessoas acotovelam-se sob as marquises...parece um tempo sem futuro.

Tenho a mesma impressão agora.

Porto Alegre – é mãe e educadora, como tem sido comigo, desse misto de prazer, cultura, sensibilidade e inteligência, que ocupou todos os espaços que a vida, quando viva, lhe ofereceu: editorias de revistas como Cláudia; movimentos como a Bossa-Nova, Teatro Oficina, Cinema Novo; correspondente na Europa da Editora Abril; Porto Visão ao lado do Clóvis Duarte e José Fogaça; programas da TVE Café da Manhã, Mãos a Obra, Corpo e Alma e, principalmente, o Câmera 2.

Tenho esta imagem guardada nos meus olhos, assim como todos vocês.

Porto Alegre, talvez não esperasse por essa: sua filha, sua aluna, uma imagem tão bonita é CIDADÃ EMÉRITA, envolta nos seus braços e beijada por nós.

TÂNIA CARVALHO certamente é uma das suas personagens prediletas.

Um beijo, um abraço...muito carinho.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o líder do PDT, na Casa, Ver. Nereu D’Ávila.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: (Menciona os componentes da Mesa.) (Demais pessoas que são do círculo especial da Tânia Carvalho.)

Por três motivos, Tânia, eu fiz questão de, pessoalmente, em nome da Bancada do PDT, falar nesta tarde. É claro que o Ver. Isaac Ainhorn, teu colega no programa Câmera-2, por vinculação profissional e também pessoal, poderia nos representar na Bancada. Mas foi exatamente com a anuência do Vereador e em nome de nossa Bancada, que eu resolvi pessoalmente, até adiando alguns compromissos, falar. Por três motivos, rápida e objetivamente.

Primeiro, para dar a conotação da absoluta impessoalidade da homenagem. Esta Casa sente-se orgulhosa em homenagear àquelas pessoas com conteúdo de lideranças, com trabalhos prestados, e que sob a ótica de cada Vereador, e com a aprovação de nós todos, merecem o carinho e a outorga do título da cidadania da cidade de Porto Alegre. Título este que, tu Tânia, todos sabemos, provém da cidade querida de Bagé – já conquistaste, informalmente, pelos serviços prestados à cidade, através dos meios de comunicação. Mas, a partir de agora, de hoje, formalmente, conquistaste a titularidade, através do diploma de cidadã de Porto Alegre.

O segundo motivo, advém da circunstância de que as pessoas se credenciam junto aos seus concidadãos e concidadãs, certamente, através do reconhecimento das virtudes e dos conceitos benignos, através dos seus atos. Já disse alguém que a grandeza das pessoas não é medida pela vida que elas levam, seja essa vida pomposa ou obscura. A grandeza das pessoas rigorosamente é medida pelos atos que praticam, pelas idéias que professam e pelos sentimentos que comunicam ao semelhante. Certamente, através de tuas idéias que devem, e são, muito repetidas, pelos atos que praticas, que são atos de convivência fraterna com teus semelhantes, que conquistas amigos, cativa-os e os manténs ao longo de tua existência, mas fundamentalmente pelos sentimentos nobres e altruístas, acima das pequenezas, acima das mesquinharias, esses sentimentos que tu comunicas a todos nós – teus semelhantes.

Finalmente, Tânia, há de conceituar-se esta homenagem também pela tua participação dentro da globalidade da sociedade gaúcha, representando o sexo feminino. Aí não vai, nem poderia ir, nenhum sentido de feminismo exacerbado, muito menos do machismo gaúcho, que hoje está condicionado à modernidade e ao novos tempos. Certamente todos conhecemos e lemos, arrepiados e maravilhados, “O Tempo e o Vento”, certamente, os tempos de Ana Terra, de Luzia e tantas outras mulheres extraordinárias daquela trilogia nós, os homens, ufanamo-nos de ter ao nosso lado mulheres de tua estirpe. Aqui, no Plenário, contigo, estão muitas mulheres representativas, porque elas souberam conquistar esse espaço. Nós não fazemos favor em reconhecer isso. Por isso, esse decantado machismo ainda, às vezes, ignorantemente, exercido, é necessário que nós o coloquemos no seu devido lugar, porque as mulheres abriram tantos espaços, e conquistaram mercê de uma luta sem trégua e não de favoritismos de espécie alguma, nós reconhecemos e te inserimos nesta plêiade de mulheres magníficas que o Rio Grande produz para o Brasil. Por esses três motivos sintéticos, objetivos e concisos, eu creio que a Câmara nada mais fez do que homenagear alguém que tem a mais alta majestade, que é a majestade da grandeza de alma e de personalidade importante e influente nos meios em que convive.

Tânia Carvalho, receba com todo o nosso denodo, com todo o nosso carinho, a homenagem que a Câmara nesta tarde te presta. Um beijo para ti e de todos que gostam de ti, como eu gosto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra, a seguir, em nome da Bancada do PDS e do PTB, Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: (Menciona os componentes da Mesa.) Colegas da Tânia Carvalho, familiares e amigos, enfim, todos que hoje ocupam este espaço para homenagear a nossa querida Tânia Carvalho.

Neste momento de homenagem, aqueles que já tem alguma experiência de Plenário como tenho eu, sabem da dificuldade que encontra o orador de buscar algo mais a dizer a uma figura, a uma personalidade tão marcante como Tânia Carvalho. Não que os oradores tenham esgotado as virtudes e as coisas boas para falar de Tânia Carvalho, mas o tempo se prolonga e nós perigamos entrar em redundância. Difícil, muito difícil para o orador, buscar algo mais a destacar dessa personalidade. Mas eu tenho em Tânia, desde o tempo em que a conheci como Jornalista, uma mulher corretíssima em sua profissão. E tenho a opinião dessa visão que tenho da Tânia como Jornalista emitida pelos seus próprios colegas; porque ele têm uma visão e pensam alguma coisa, as vezes, de certos profissionais, mas vai ver no meio da classe se têm a mesma opinião. A Tânia é querida no meio dos seus colegas, isso é importante de se destacar. É uma profissional corretíssima e uma colega inescedível como bem aqui testemunhou o Ver. Lauro Hagemann quando na defesa de algum interesse da classe ou na defesa de algum companheiro. Isso lhe granjeia simpatias mas também, muitas vezes, lhe granjeia antipatias de certos setores, que passam, mas a Tânia fica. É uma mulher extraordinária em todos os sentidos. É um orgulho para o Rio Grande do Sul a tua presença, Tânia. E digo com satisfação que és um orgulho para o Rio Grande do Sul e contarei aqui um episódio singelo que diz bem da grandeza de Tânia Carvalho, dessa alma cativante que ela representa. Eu estive uma vez na Cidade de Goiana, em Pernambuco e lá tem um restaurante famoso de frutos do mar, as paredes cheias de fotografias de ex-Presidentes da República, de estrangeiros, chefes de Estados de outros Países, é um restaurante famosíssimo que tem lá. E o proprietário é uma pessoa também cativante que vai nas mesmas e tal, estava eu, minha esposa Heleninha que foi colega da Tânia no Bom Conselho, mais outros companheiros lá de Pernambuco e chegou a nossa mesa o cidadão e disse: Rio Grande do Sul, que maravilha, tenho grandes amigos lá, aqui já jantou tal governador, me lembro que ele falou no Guazelli, falou de outras pessoas, que não recordo os nomes, mas disse que guarda mesmo a mensagem de uma grande mulher, digo, quem será meu Deus. Era Tânia Carvalho. Manda um abraço e um beijo para a Tânia Carvalho, que mulher extraordinária aquela que já esteve aqui e eu disse para ela que queria botar a fotografia na parede e não mandaste a fotografia. Então num restaurante famoso que tem fotografias de chefes de Estado, ele foi lembrar dessa figura cativante, dessa alma grande que é Tânia Carvalho. Continua assim Tânia. Em nome do PDS, em nome do Ver. João Dib, do Ver. Mano José, do Ver. Leão de Medeiros, que compõem o nosso Partido, e do Ver. Luiz Braz, que me honrou pedindo que falasse em seu nome e do seu Partido o PTB, receba o nosso abraço. Esta Casa, hoje, está resgatando essa dívida que tinha para com essa grande personalidade.

Tânia, tu és grande porque a tua alma é grande. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato falará em nome do PMDB.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Quero registrar minha satisfação em ter a oportunidade de falar neste ato, em nome do PMDB, meu Partido, nesta homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta à nossa querida Tânia Carvalho; e dizer que é uma tarde chuvosa, porém, muito especial para esta Casa, para a Cidade e para a população de Porto Alegre. Muito especial, porque estamos homenageando uma personalidade querida de toda Cidade, a Tânia, nome consagrado na área da comunicação social. Teve uma destacada atuação no rádio e na televisão pelo seu alto nível profissional e, especialmente, porque tem procurado sempre enaltecer os valores culturais da nossa terra.

Meus parabéns a ti.

Em nome da minha Bancada, o PMDB, também, nossos parabéns. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, já se manifestaram as Bancadas. Mas a Presidência da Mesa, neste momento, gostaria de convidar o Ver.

Isaac Ainhorn para, em nome da Presidência e da Mesa Diretora desta Casa, saudar sua colega e companheira no programa Câmera 2, saudando, também, o jorn. Clóvis Duarte, por manter no seu espaço esta cidadã que precisa e merece a nossa cidadã, Tânia Carvalho.

Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn, que falará em nome da Presidência e da Mesa Diretora da Casa.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Menciona os componentes da Mesa.) Eu evidentemente, por deferência especial do Sr. Presidente desta Casa, ele encontrou uma forma criativa para que eu nesta oportunidade também pudesse fazer uso dessa Tribuna, e há pouco eu comentava com o Ver. Antonio Hohlfeldt, que o título que hoje a Tânia recebe aqui na Câmara, por iniciativa do Ver. João Motta, é daqueles títulos que a gente tem assim sempre uma certa ponta de inveja de não tê-lo apresentado. Eu acho que por todas as razões aqui evocadas a Tânia evidentemente é, por razões mais diversas, merecedora desse título de Cidadã Emérita da Cidade de Porto Alegre. E eu gostaria também de registrar que a mim nesse momento, particularmente, diz muito usar desta tribuna, em homenagear a Tânia, nessa momento Cidadã Emérita da Cidade de Porto Alegre, por sua luta, por sua trajetória na história do jornalismo, por seu alto profissionalismo, pela sua maneira de ser, pela sua condição humana. A Tânia é uma pessoa que eu tenho tido a oportunidade e a possibilidade de conviver com ela, como amigo dela, da sua família, do Felicinho, dos seus filhos, do Fabiano, do Diogo, posso dizer que a Tânia é aquele seu talento que se manifesta criativamente nas suas formas de aparecer na televisão e em todas as formas do jornalismo. Mas, sobretudo, ela se agiganta é nas câmeras de televisão, pela sua maneira espontânea, nos seus gestos, que são ela própria. O que ela é na televisão, ela é no seu dia-a-dia. Alguém aqui teve a oportunidade de dizer que a Tânia é uma pessoa de excelente astral. Dificilmente a gente vê a Tânia triste ou aborrecida. Evidentemente que ela já passou por momentos difíceis, como todos nós, mas ela tem uma maneira de reagir, uma maneira de ser que causa uma admiração imensa, porque ela dá, imediatamente, a volta por cima. E isso é muito bom. Por onde ela passa, ela deixa a sua marca. E é amiga de todos dentro das suas áreas de atuação profissional. Aqui mesmo a gente vê pessoas do seu convívio em todas as áreas de atividades desenvolvidas pelas Tânia na sua trajetória. Por tudo isso, quer na TVE, quer na TV Guaíba, quer nos seus antigos locais de trabalho, os seus colegas a estimam, porque ela soube cultivar os amigos de forma espontânea e nisso ela vem crescendo sempre. Eu digo até que a Tânia é uma pessoa permanentemente jovem, por isso, ela é o que é e fez com que hoje praticamente todas as Bancadas com assento nesta Casa se fizessem manifestar aqui em homenagem à Tânia Carvalho. Finalmente, eu quero deixar, neste final de tarde, desse início de noite maravilhoso que a cidade de Porto Alegre outorga à Tânia Carvalho aquilo que ela já tinha, indiscutivelmente, conquistado e galgado de fato, a Câmara, neste momento, lhe outorga de direito nesta Sessão Solene, que é o título de Cidadã Emérita de Porto Alegre, exatamente pelo reconhecimento, por sua história, por sua trajetória. Temos a certeza de que a despeito de alguns esforços familiares para que ela trabalhe menos, se dedique menos à atividade profissional, ela e sua família sabem que, de certa maneira, isso é impossível porque a atividade profissional, a televisão, o Teatro São Pedro e tudo o que ela faz – e vai fazer muito mais – é uma extensão. Ela vibra com isso e, no fundo, tenho certeza de que seu marido, sua mãe, seus filhos, todos ficam vibrando e sempre atentos a tudo o que ela faz, discutindo e participando intensamente. Faço isso como um depoimento sobre o que tem sido a vida da Tânia, de vibração, de alto astral e de um amor profundo pela nossa Cidade. Por isso, hoje, feliz de nós, feliz da Cidade de Porto Alegre, feliz do Ver. João Motta, do conjunto dos Vereadores, da Presidência dessa Casa, através do Ver. Dilamar Machado, dos seus amigos, em poder prestar esta carinhosa homenagem à Tânia Carvalho, no dia de hoje! Um grande abraço, Tânia.(Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Presidência registra, com prazer, a presença entre nós do ilustre Jornalista José Barrionuevo, Diretor-Editor do Correio do Povo e, a exemplo dos demais companheiros já citados, colega do programa Câmera 2, de Tânia Carvalho, onde desempenha, com o talento que tem, o comentário político, todas as noites. Convido a todos os presentes para que, de pé, assistamos a entrega, a outorga do título de Cidadã Emérita à Tânia Carvalho, para o que convido o proponente, Ver. João Motta.

 

(O Sr. João Motta faz a entrega do Diploma à Tânia Carvalho.) (Palmas.)

 

Antes de passar a palavra a nova Cidadã Emérita desta Cidade, convido as pessoas que têm flores a entregar a Tânia Carvalho, que o façam neste momento, e avisando que logo após o pronunciamento da nossa Cidadã Emérita, ela recepcionará seus amigos e convidados com um coquetel no Salão Adel Carvalho aqui da Câmara Municipal, para onde os Senhores serão conduzidos, e onde apresentarão à Tânia Carvalho os seus cumprimentos pessoais e a sua demonstração de carinho e amizade.

Tenho a honra, neste momento, de conceder através da Tribuna da Câmara Municipal a palavra à Cidadã Emérita de Porto Alegre, Tânia Carvalhos dos Santos.

A SRA. TÂNIA CARVALHO DOS SANTOS: (Menciona os componentes da Mesa.)

Queria agradecer a presença de todos aqui, me orgulha muito ser amiga de vocês. Estava olhando cada um, que bom que vocês vieram. E quando a gente fala na qualidade de vida de Porto Alegre, eu falaria na qualidade de afeto que estou recebendo hoje de vocês. Chegou uma hora que pensei que eu tinha morrido, estão falando umas coisas tão bonitas, será que sou eu?

Eu fiquei muito emocionada, eu disse, eu não vou escrever, eu nunca fiz um discurso na minha vida, mas ontem de noite me baixou uma coisa e aí comecei a escrever. Acordei meu marido as quatro da manhã e perguntei, será que está legal? Eu nunca fiz um discurso, quase aos cinqüenta anos, esta é a primeira vez. Obrigado João Motta por me proporcionar a oportunidade pública e legal de declarar meu amor por Porto Alegre. João Motta, eu sou muito feliz por saber-me cidadã desta cidade. Nós temos, Porto Alegre e eu, uma bela história de amor.

Foi em 1952 a primeira vez que eu a vi. Saí de Bagé num Avro de Varig, e cheguei numa cidade desde há muito tempo sonhada e idealizada. Eu sempre amei o rádio, e ouvia aquelas vozes falando lá de Porto Alegre. E sonhava em conhecer a Av. Borges, o Viaduto, os programas de auditório. A Praça da Alfândega, o Clube do Comércio, o Teatro São Pedro com Procópio Ferreira dizendo palavras naquele palco. Minha mãe contava, minhas tias me descreviam tudo e meus olhos brilhavam, minha imaginação borbulhava.

Cheguei. Era inverno, lá de cima eu vi a Usina do Gasômetro. Eu de chapéu de feltro e casaco de pele. Pronta para ser uma menina da cidade grande.

Aí se sucedem imagens. O Studbaker verde do meu padrasto subindo a Fernandes Vieira pra me levar no Bom Conselho, aquele agosto da morte de Getulio. Com um pouco de culpa a gente disfarçava a faceirice de não ter aula. A saída do colégio com a Ramiro cheia de guris do Rosário. O Ginásio, as boinas coloridas, cada cor uma etapa vencida.

Os passeios a tarde na Rua da Praia, o cachorro quente no Krahe, o footing, uma passada na Livraria do Globo para dar um ar de intelectual. Simone de Beauvoir, Collette, Françoise Sagan e “Bon Jour Tristesse” era o auge das descobertas. Norberto Baldauf na Reitoria, as reuniões dos Centros Acadêmicos. Dava o maior status ser a Rainha da Odonto ou da Engenharia. Da Medicina ou Arquitetura era o máximo! A Suíte, era uma boate de verdade, e nós ousávamos rosto colado no escurinho ouvindo o Dani Kawa tocar boleros no acordeon.

O início da consciência política no Clássico do Julinho. O medo na lª greve. Mas foi só na lª. A paixão pelo professor de matemática só porque ele se parecia com Paul Newman. As matines do Cinema Imperial, no Ópera para ver e não entender “L’anne passe a Mariembad”, “Morangos Silvestres”, o delírio no “Les Amants”. Depois grandes discussões atrás de uma banana split na confeitaria em cima do Cacique.

Nós crescíamos juntas, Porto Alegre e eu.

Aulas de datilografia, o meu primeiro trabalho aos 18 anos. O Concurso na Caixa Estadual – “Tens que pensar no futuro, minha filha!”

Com Sonilton Alves, no Yázigi eu comecei a descobrir que amava estar perto de pintores de quadros, de esculturas, dos músicos. Luiz Carlos Lisboa me levava ao teatro e me apresentava os artistas. Carlos Heitor Azevedo me ensinava o chá-chá-chá e o hully-gully. Marcos Fichbein e Flávio Carneiro me apresentaram o jornalismo e a televisão.

Deixei Porto Alegre por 7 anos e voltei, um pouco mais velha, um pouco mais forte para recomeçar. Meu filho Fabiano e eu.

O Atelier do Nazare, a Esphera Galeria de Arte, e em 1972 a TV entraria definitivamente na minha vida. Culpa da Célia Ribeiro!

Subir e descer o Morro Santa Tereza é um caminho que percorro há 20 interruptos anos. No começo a cidade rejeitou um pouco o meu trabalho. Eu vim pra mudar, sem ter muito consciência disso, alguns costumes locais. E mudei! E ousei! E falei e disse. Ousei tanto que fui demitida, falei tanto que fui parar na Polícia Federal. Agitadora sim senhor! E com a Veja na mão, que trazia na capa um fragmento da Declaração dos Direitos Humanos. Em pleno Jornal do Almoço, durante um desfile de modas. O desfile era só pra disfarçar. Foi um escândalo! Outros vieram. Aí eles desistiram e decidiram que o que de “revolucionário” eu dizia e fazia era loucura tão somente, e isso não derrubaria o sólido Governo Militar.

A paixão pelo rádio. Falar em “orgasmo e aborto” em plena luz do dia, que ousadia! Helena Dagnino, nossa Martha Suplicy, eu e outras mulheres audaciosas, agitamos as ondas do rádio no final dos anos 70, começo dos 80.

Portovisão, Vento Negro, Clóvis, Almôndegas, Fogaça. Campanhas. Diretas Já! Eu queria tanto votar...sonhava com uma boa urna...

A cidade ia se transformando e eu junto com ela.

Anos 80 um registro forte. A grande e madura paixão. Meu marido Felicio. Foi duro na queda. Um filho porto-alegrense. Diogo nascido no Hospital Alemã, ali na Ramiro, ao lado do meu 1º colégio, quase o parto dentro do estúdio no Guaíba Feminina.

Porto Alegre me mostrou caminhos, me abriu os braços, me assumiu completamente. E me amou! Tá aqui a prova!

Depois de viver aqui por 40 anos, com breves interrupções, hoje eu me confundo com a cidade. Porto Alegre é igual a mim. Eu sou a cara dela. Andei pelo mundo, passei por cada lugar...Mas sempre tenho a mesma emoção quando chego. Identificar as ruas lá de cima é tão lindo! Voltar aqui é tão doce...

E tem aquelas horas – “Peste de cidade, como é que deixou entrar uma pessoa assim? Esta cidade tinha que ter portas. E com porteiros brabos”.

Para quem não ia dizer nada, eu já disse quase tudo.

E estou adorando discursar, sem o Clóvis me interromper.

Mas pra não perder o costume, eu queria dizer que são 5 horas e vinte minutos. Hora certa Hermann tudo para construção. As mensagens de Gattopardo e Forestier pra gente poder brindar juntos.

Obrigado João Motta, espero não te decepcionar jamais fazendo com que tu te arrependas desta homenagem.

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores. Estamos encerrando os trabalhos desta sessão solene da Câmara. Tivemos a honra de fazer a entrega à Sra. Tânia Carvalho dos Santos do título de Cidadã Emérita de Porto Alegre.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h17min.)

 

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